Em um determinado sábado de agosto fomos no primeiro evento social onde o convidado era o bebê. A festa de aniversário foi linda e meu filho teve a oportunidade de ver outras crianças, o que é ótimo. E encontrei lá meus amigos com filhos.
As pessoas sem filhos que me desculpem, mas eu quero falar do meu bebê o tempo inteiro, aquele orgulho débil que só os pais de primeira viagem carregam: falei do peso, das pequenas mudanças, de como ele engatinha (tenta) e o quanto não dorme, perguntei se o bebê da minha amiga já comia comida, como foi a adaptação pro quarto, se um dia na vida eu voltaria a dormir... Não falei pra minha amiga o quanto estava orgulhosa do novo emprego dela ou perguntei pro meu amigo sobre a família dele que eu adoro. A festa é de bebê, então vamos falar dos bebês.
Eu tenho outros interesses, inclusive já comentei que tem coisas que quero fazer, ser, estudar, mas eu gosto de deixar isso aqui, na internet ou com meus amigos sem filhos. Aos meus amigos com filhos ficam as confissões sobre como é desgastante e gratificante gerar, parir e educar um ser humano inteiro. A gente fala também de outras coisas - as possíveis séries que estão pelo caminho, os filmes que são vistos entrecortados, o que podemos comer ou beber e, invariavelmente, bate aquela alegria de saber que aquela pessoa ali também passa por perrengues, mesmo que eles sejam bem diferentes em cada endereço.
Já me peguei pedindo desculpas por falar apenas do bebê. Isso em rede social, nem foi na vida real, onde as pessoas realmente estão interessadas e querem saber sobre ele. Acho que nas redes sociais as pessoas esperam que uma hora a gente pare com aquele deslumbramento a respeito do rebento e que fale de outra coisa - qualquer coisa - que não envolva a parentalidade. Talvez elas estejam certas, mas eu me senti mal pelo constrangimento que senti em falar do único assunto que me interessa no momento.
Mother and Child - Harold Gilman
Os amigos com filhos nas redes sociais, ah, esses sim entendem. Trocamos elogios e ameaças de esmagar o bebê alheio, trocamos figurinhas e memes, mandamos aquele vídeo engraçado sobre papinha e o vídeo emocionante sobre acordar 2h da manhã porque seu bebê precisa de você. A bem da verdade, eles precisam bastante da gente, mas a gente precisa deles também.
Ter filhos é difícil, no sentido mais complexo da palavra, mas é um deleite. Mexe com nosso ego, nossa autoestima e com os hormônios todos, dá um senso de propósito, mas também deixa a gente meio abublé e questionando muito do que os nossos amigos sem filhos nem imaginam passar, mas que é o que, afinal, gera assunto para quando os com filhos e sem filhos se juntam.