Eu estou burra. Nunca fui tão burra quanto agora. Descobri recentemente que meu corpo gasta 800 calorias pra produzir 800ml de leite, em média. É o equivalente a um treino de crossfit e junte a essa perda o fato de que meu corpo precisa seguir em pleno funcionamento para cuidar de uma criança. Estou burra, mas tenho um ser humano saudável para criar.
Berceuse (Le coucher), by William Adolphe Bouguereau
Voltei a trabalhar recentemente após 5 meses de licença maternidade. Não sei mais como fazer coisas básicas, me confundi com fórmulas bolas de Excel e demorei dias pra desenvolver uma apresentação simples, algo que eu fazia como receita de bolo. Quando fui apresentar, minha cabeça me transportou aos primeiros dias de puerpério, onde falar era muito difícil e digitar no celular fazia meus olhos se fecharem. Vi algumas mensagens que enviei na época e não tinham nenhum sentido, então agradeço aqui aos meus amigos que compreenderam esse período caótico. Fui apresentar e minha cabeça revirou, não saiu muita coisa, mas ainda assim saiu alguma coisa, o suficiente para que as demais pessoas trabalhando comigo pudessem tocar dali. Ufa.
Me sinto perdida no ambiente corporativo assim como ainda me sinto perdida com ser mãe. Sinto que ocupo um não-lugar como se estivesse em suspensão. Ao mesmo tempo sinto como se falhasse em tudo aquilo que me proponho a fazer.
É muito injusto que meu maior fracasso profissional venha do meu maior sucesso pessoal.